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“Se você tivesse acreditado nas minhas brincadeiras de dizer a verdade, teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando. Falei muitas vezes como palhaço. Mas nunca desacreditei na seriedade da platéia que sorria." CHARLES CHAPLIN

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EXTRA!

Olá, amigos!

Nosso perfil no Facebook foi desativado por reclamações de usuários incomodados com nossa postura crítica. Isso é uma forma de CENSURA. De uma coisa estamos certos: jogamos muita LUZ na ESCURIDÃO que povoa corações e mentes naquela rede social.

Pedimos a nossos leitores que repercutam no FACE esta nossa frase e o link abaixo:

“a VERDADE continuará cortante como lâmina afiada. e precisando de CRISTOS pra se sustentar, em todos os sentidos. a maioria, FUGINDO DA VERDADE, prefere CRUCIFICAR quem diz a verdade”

http://migre.me/5UUH2

Atenciosamente,

ALM@NÁRQUICA

quinta-feira, 1 de abril de 2010

MAIS JORNALISTAS CRITICAM O SALÃO DO LIVRO

Mais críticas sobre o Salão do Livro estão surgindo na imprensa. Na segunda-feira, 29, o jornal O ESTADO abordou o assunto com este texto de Cecília Santos. Na quarta, 31, mais dois artigos foram publicados no Jornal do Tocantins, um de Melck Aquino e outro de Marcelo Silva, ambos jornalistas.

Sequenciando o debate virtual iniciado no dia 25, o alm@nárquica repercute o artigo do jornalista Marcelo Silva. Com humor e desenvoltura, ele critica o evento e vai fundo na desconstrução da idéia equivocada que a Secretaria da Educação tem do termo ‘celebridade’.


Oscar Schmidt é o meu herói

MARCELO SILVA

Herói é aquele que consegue proezas que, para nós, pebas mortais, são impensáveis. Por isso, Oscar Schimidt é o meu mais novo herói. Com poucas - e rudes - palavras ele conseguiu algo que estamos tentando convencer, com base no diálogo, há cinco anos, sem que sequer nos tivessem dado ouvidos. Nós, a que me refiro, é um grupo de artistas e consumidores de cultura que sempre foi contra a presença de estrelas da televisão no Salão do Livro. E Oscar conseguiu. Com a sua palestra de auto-ajuda sobre como superar desafios, ele convenceu a meia dúzia de deslumbrados da Secretaria da Educação de que não compensa investir neste tipo de atração em um evento que tem a pretensão de ser fomentador da cultura local.

Mas não pensem que foi fácil. Oscar teve que falar grosso, usar palavrões, ferir na alma, mexer com os brios dos que enfrentaram uma fila quilométrica para ouvir sua palestra, preparada no saguão do aeroporto. Outros rostos conhecidos da TV, antes dele, tentaram, mas não conseguiram. Por mais que desagradassem e frustrassem expectativas, o Salão do Livro continuou investindo nosso dinheiro nestas palestras caça-níqueis, com medo de que escritores renomados, poetas e roteiristas entediassem o público com a profundidade de seu conteúdo.

Não foram poucas as críticas a este comportamento dos organizadores do Salão do Livro, desde a sua criação. Mas eles são soberanos. Não existe uma curadoria, nem a contratação de uma consultoria especializada, para definir as atrações. É o gosto pessoal e o conhecimento televisivo da comissão organizadora que define quais atrações vão entrar. Quando uma atração agrada, ela é repetida no ano seguinte. O negócio é encher linguiça, rechear o folder da programação, esgotar a verba, mesmo sem critérios. O importante é ser “nacional”. Não precisa ser reconhecido, basta ser “conhecido”. E aí entra repórter de TV, astronauta, esportista, sexólogo, psicólogo, alpinistas, todos classificados como “escritores”, fazendo do Salão do Livro um evento de entretenimento - e não de cultura, seja ela nacional ou local.

Mas parece que Oscar Schmidt encerrou este ciclo. Por isso ele merece honras de herói. A grosseria com que ele tratou a nossa gente revelou a forma como estas celebridades enxergam o Salão do Livro - a cada ano menos reconhecido como um evento literário, a ponto de não merecer uma linha sequer da imprensa especializada nacional. Ao contrário de festas da literatura com menor investimento, como a Flip de Parati (RJ) e a de Porto de Galinhas (PE).

A grande maioria das celebridades televisivas que por aqui passam trata mal as equipes de apoio que trabalham no salão, despreza a imprensa local e não tem a menor paciência com o público. Eles costumam dobrar o valor do cachê para virem a um estado nortista, fazem exigências absurdas e permanecem na cidade apenas o tempo necessário para as combinações de voo. Têm pouco a ensinar e se recusam a aprender alguma coisa sobre o nosso povo. É como se estivessem fazendo turismo social na periferia. Andam com seguranças, não circulam pelos estandes, não se sentem numa feira do livro. Pensam estar num baile funk.

Em suas próximas palestras para operários em fábricas de automóveis, Oscar vai poder bradar para seu público e dizer que, além dos títulos no basquete, ele ostenta o título de herói tocantinense, por ter mudado a história do Salão do Livro, provocando uma reflexão nos organizadores e no público sobre a verdadeira essência de um evento que tem como objetivo estimular a leitura. Espero que os gritos de Oscar não tenham sido em vão e que ecoem na cabeça de todos, como ecoaram o nome do governador e do secretário da Educação, repetidos milhões de vezes, durante dez dias, no sistema de som do evento.

Marcelo Silva é jornalista
E-mail: marcelosilvapalmas@gmail.com

terça-feira, 30 de março de 2010

O Jornal do Tocantins publicou no dia 30 um artigo da jornalista Célia Tahan; uma espécie de resposta ao artigo CHEGA DE "CIRCO" DO LIVRO, publicado dia 25 no mesmo jornal e repercutido em alguns sites e blogs.

Reproduzimos o artigo de Célia Tahan para análise dos leitores.


Um evento de e para a população

CÉLIA BRETAS TAHAN

O 6º Salão do Livro do Tocantins - maior evento literário do Norte e do Nordeste do País - provou, mais uma vez, que cultura e educação estão ao alcance de todos.
A área, ampliada para mais de 10 mil metros quadrados, mostrou que o Salão não pode ficar restrito ao Espaço Cultural ou ao Centro de Convenções. Daí, a necessidade de montar uma estrutura própria, no ponto mais central de Palmas, de fácil acesso a todos os visitantes: a Praça dos Girassóis.
O recurso de R$ 8,6 milhões, já previsto no Plano Plurianual (PPA) e no Orçamento do Estado, não é retirado de ações previstas para as escolas. Ao contrário: o Governo do Estado vai aplicar, só este ano, mais de R$ 70 milhões em melhorias salariais dos professores; R$ 60 milhões em obras nas escolas, inclusive em laboratórios de informática; R$ 50 milhões em ônibus para o transporte escolar e continuará investindo, maciçamente, em cursos de qualificação e formação de professores.
Quem ganha com o Salão é o público e a população do Tocantins, além dos professores e servidores da Secretaria da Educação e Cultura (Seduc), que podem comprar os títulos que quiserem com o vale-livro. São mais de 21 mil servidores beneficiados. E, sim, a Seduc continua a adquirir livros das editoras para as bibliotecas escolares. São livros de pedagogia, de psicologia e outros, destinados à formação dos estudantes, como Machado de Assis, José de Alencar e tantos escritores que servem de base para o estudo das correntes literárias do nosso Brasil.
E, claro, onde há grandes atrações há grandes filas, seja em locais abertos ou fechados, pagas ou gratuitas. Atrações de peso podem e devem se apresentar em espaços fechados, com comodidade e temperatura amena, espaços dignos de receber nomes conhecidos internacionalmente, como Fagner, Almir Sater, Ariano Suassuna, Dominguinhos, Viviane Mosé e tantos outros. Para permitir que um número maior de pessoas assistam aos espetáculos, foram instalados também telões, transmitindo ao vivo a programação do auditório Odir Rocha.
É inegável a movimentação econômica gerada pelo Salão do Livro. Desde gráficas e confecções, até bares, restaurantes e hotéis, lojas, táxis e transporte público, todos se beneficiam, financeiramente, com a realização do Salão do Livro. Só isto bastaria para defender a sua realização, seja em período chuvoso ou de seca. Palmas e o Tocantins precisam de grandes eventos anuais para consolidar a sua economia. E o Salão do Livro é o maior evento anual do Estado e das regiões Norte e Nordeste.
Não há privilégios a livrarias. Há privilégios aos tocantinenses que trabalham nas livrarias. Estes, sim, ganham com o Salão. As grandes editoras não têm aqui suas sedes. Geram, no Tocantins, renda apenas para elas. As livrarias geram renda para a população.
No mais, nós, que trabalhamos para o Estado, continuamos lutando para aprimorar, cada vez mais, o Salão do Livro. As críticas fazem parte do nosso dia-a-dia. Nunca conseguiremos agradar a todos, mas temos a certeza de que estamos no caminho certo, agradando a maioria.
O Salão do Livro é, hoje, um evento consolidado e ansiosamente aguardado. Não pertence ao governo nem a nós que ajudamos a realizá-lo, pertence à população do Tocantins!

Célia Bretas Tahan é jornalista
E-mail: celiatahan@ig.com.br

quinta-feira, 25 de março de 2010

ARTIGO - ANTONIO REZENDE


Chega de "circo" do livro
ANTONIO REZENDE

O título pode parecer irônico, sarcástico, desrespeitoso e até deselegante. Mas não é. Meu propósito é virtuoso: provocar reflexões sobre o Salão do Livro do Tocantins, evento anual que o Estado promove sob o pretexto de fomentar a leitura e dar ao povo entretenimento cultural literário. Por outro lado, convenhamos: ninguém atrai leitores só com amenidades; nem incomoda quem recebe elogios em vez de críticas construtivas; nem muito menos muda a realidade ou apura o modo como pensam e agem gestores públicos. Não estou pra afagos fáceis.
É preciso repensar democraticamente uma feira de livros bancada com dinheiro público e alardeada como “maior evento literário do Norte”. Nosso salão não é isso. Do meu ponto de vista, serve mais a interesses privados que a interesses coletivos. Neste sentido é que o termo “circo” é apropriado. Parece piada o povo bancar festa mal pensada e dela ser excluído. Não questiono a importância do evento, mas o modo como ele acontece. Em seu objetivo - permitir o acesso à leitura, a eventos literários e a shows artísticos - deixa muito a desejar. Exponho alguns motivos e questionamentos.
Palmas tem um centro de convenções ainda não concluído e um espaço cultural já pronto, espaços públicos apropriados para eventos; mas o salão do livro continua tendo como palco a Praça dos Girassóis, o que requer uma estrutura cara que é montada e desmontada todo ano. Quanto o Estado gasta com isso e a quem interessa eventos “provisórios” assim? Os milhões ali aplicados anualmente não teriam finalidade mais nobre se investidos, por exemplo, em laboratórios de informática, aquisição de livros para bibliotecas, cursos de qualificação para professores ou até mesmo na melhoria de escolas?
No campo do fomento à leitura, tábua de salvação em que o Governo se sustenta para justificar o “investimento”, quem ganha com o salão do livro não é o respeitável público. Este não tem acesso aos livros caros vendidos por livrarias e não por editoras; tanto que para comprar livros convém antes considerar preços e comodidade da internet. O cheque-livro (dado a professores para a “compra engessada” de livros na feira) não seria melhor aplicado se investido na aquisição de títulos para as bibliotecas escolares, diretamente das editoras e não de livrarias? Assim a coisa não renderia um pouquinho mais, com função social e coletiva, porque além de chegar aos professores chegaria também aos alunos e à comunidade?
No campo do entretenimento, questiono. Faz sentido as pessoas se acotovelarem em filas quilométricas para ver shows de artistas consagrados como Almir Sater, Fagner e Dominguinhos em um espaço tão inapropriado como um auditório de metal e plástico? Não faz; por mais amplo, imponente e refrigerado que seja o ambiente. A meu ver, o Estado também desrespeita e até humilha o contribuinte neste caso. Tudo bem, ampliaram a estrutura e aboliram o pernicioso sistema de distribuição de convites (o que privilegiava panelinhas escancaradamente, como se o Governo fizesse a festa para uma casta). Mas permanece o incômodo das filas, da correria, do tumulto. Ora, bons shows atraem grandes públicos e devem ser realizados em lugares abertos, mais apropriados, principalmente quando gratuitos. Os próprios artistas preferem assim.
Reconheço a importância do evento. De fato ele atrai grande público e movimenta a cidade e seu comércio por alguns dias em vários aspectos, o que é positivo. Mas questioná-lo de modo franco e democrático é necessário. O assunto deve ser debatido na mídia e nas casas legislativas. E o Governo, por meio das secretarias da Educação e da Comunicação, deve considerar isso como coisa relevante. Pelo menos para explicar publicamente as razões pelas quais promove o evento numa praça, em período chuvoso, com a participação de livrarias e não de editoras. Soa como piada, afinal, o Governo gastar dinheiro público em eventos que mais privilegiam a iniciativa privada do que a sua gente. E aqui nem convém questionar que valor e tratamento são dados aos “de casa”, tanto nos aspectos empresarial quanto artístico. Será?
REZENDE é poeta e jornalista / email - pontodeprosa@gmail.com
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DO TOCANTINS, em 25/03/2010